segunda-feira, 6 de setembro de 2010

“A concepção do ser e do conhecimento em Heráclito e Parmênides”

Heráclito, nascido em Éfeso, foi um grade pensador, aristocrata e bastante crítico, desdenhava das multidões e de muitos sábios da época. O que marca a tese do ser de Heráclito é a experiência do devir: tudo é vir-a-ser, tudo se move, transforma-se. Enfim, o mundo existe à medida que as coisas mudam, não há nada estagnado, imóvel ou idêntico, tudo é levado ao devir.
Segundo Heráclito a tese do devir obedece a uma lei. O filósofo trabalha com o princípio do fogo. As coisas existem devido à consumação do fogo, podendo assim ascender ou descender, mediando às relações com outros elementos como a água e a terra.
A esta lei que regula os movimentos entre ascendente e descendente e que causa a ordem entre os elementos, Heráclito chama de o logos, ou seja, a razão universal. O logos, para o poeta, é imanente ao pensamento, é o que ordena o mundo. Em outras palavras esta lei significa o Deus onipotente e presente.
Na realidade, esta tese de Heráclito apesar de surgir a partir de indagações sobre a realidade, ainda se constrói cheia de contradições. O devir significa o ser vir a ser, isto quer dizer que o que era não será mais, pois vai vir a ser uma outra coisa. Como pode algo que já é, mudar e se transformar em outro ser? Para melhor entendermos esta tese, exporemos atributos de Heráclito sobre o ser, os quais são três: o sensível caracteriza-se por ser acessado pela experiência; o diverso, é a unidade dos opostos, é dual, contraditório, pois se trata do ser e do não-ser; e o dinâmico. Isto representa o mundo de dualidades, como por exemplos do dia e da noite, do ser e não ser, do bem e do mau, entre outros. O que Heráclito afirma é que o logos é o responsável por manter a harmonia entre estas dualidades, sendo estas unidades de opostos ou de contrários a unidade do ser o do não ser.
Para Heráclito, a razão é o critério da verdade. A razão passa a ser divina e comum a todos, assim tudo que nos cerca é lógico e racional. Para o filósofo, a missão dos que estão “acordados” é despertar os que “dormem” pela via da razão. Despertando para o pensamento puro, logo estarão aptos para uma transformação divina e lógica. Com isso, o homem pode se tornar sábio, feliz e bom, basta se unir ao logos. A o principal caminho para isto é o conhecimento de si próprio. O conhecimento de si mesmo leva-o ao logos, que age na alma. Desta forma todo homem vai ser responsável pelo seu próprio destino, ele escolhe a via da ascendência ou da descendência. A alma que seguir a via da primeira se une ao fogo eterno, já a alma que seguir a segunda via cessará de existir. Em resumo, o ser de Heráclito é uma substância imaterial (Deus), imóvel, plena, perfeita e eterna.
Certamente, Heráclito contribui muito a filosofia com sua tese do devir. Mais ainda deixou uma lacuna com suas contradições. Que mais na frente, serviram de base para a filosofia caminhar, a para novos pensadores desenvolverem teses sobre o ser e o conhecimento.
Outro grande filósofo e poeta foi Parmênides. Em sua principal obra, “Sobre a Natureza”, dividida em duas partes: “Da verdade” e “Da opinião”, este filósofo expôs a idéia de que o núcleo central do pensamento é constituído entre o ser e o não-ser e pela afirmação da realidade do ser.
Parmênides se opõe a tese do devir de Heráclito por se tratar de algo contraditório. Para ele, só o ser é, e o nada, nada é. O real é eterno, indestrutível e imutável. Parmênides afirma que a composição das coisas depende de dois elementos, além do fogo, presente em Heráclito, a terra também compõe a sua cosmologia.
Parmênides mostra que a única realidade é o ser. Ele descarta o vir-a-ser de Heráclito, pois de fato se uma coisa é não pode vir-a-ser, é contraditório. Em sua tese, o ser e o pensamento são a mesma coisa, ele afirma que o objeto do pensamento é o ser e que o não ser é o impensável.
Parmênides como grande metafísico que foi, procurou explicar, esclarecer a noção do ser. O ser segundo este filósofo é inteligível, acessado pelo intelecto; é uno, ou seja, o ser não é o vir a ser, não é devir; é imóvel, o ser já é e não tem a necessidade de tornar a ser. Enquanto há movimento no ser de Heráclito, Parmênides descreve a permanência do ser. O ser é material, está no espaço e no tempo, é incompleto, imperfeito, portanto finito. Parmênides mostra que não há contradição no pensamento racional.
Certamente ambas as teses foram importantes para entendermos a realidade a nossa volta. Por mais subjetivo que tenha sido seus pensamentos, a contribuição para estudos posteriores foi grande com relação ao “ser”.

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