Deitado, no meu quarto, concentro minha escuta para o mundo
lá fora. Ao redor posso ouvir os murmúrios da cidade. Um som em companhia de
outro cria um novo som, e assim uma sucessão de acontecimentos se misturam e,
meus ouvidos não conseguem discernir com clareza cada aspecto, cada ação, cada
movimento. Ao longe percebo o barulho dos automóveis. Suas idas e vindas. Os
cachorros que latem e alertam-se para algo de perturbador. O elevador que sobe
e desce transporta universos à parte. Milhares de respirações lá fora não podem
ser ouvidas. Um toque de telefone, que depois da terceira chamada é atendido,
mas não consigo ouvir a voz dos que falam. O vento bate na janela, sopra com
sua força e faz a porta do meu quarto ranger. Algum pássaro rasga o vento e
ecoa o seu canto. Sinto a companhia dele. Sei que algo acontece. Não vejo.
Escuto. Será que o que eu escutei realmente existiu ou foi somente fruto de
minha imaginação? Apenas sei que real ou imaginário algo está em passagem.
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