domingo, 24 de novembro de 2013

Sinfonia

E pensou no que dizer, mas cumpriu sua meditação em silêncio. Juntou as pequenas mãos, levantou-se, e foi até a janela. Ali, ficou por alguns instantes, contemplando a vida que pululava lá fora. O céu de branco pálido, com algumas nuvens escuras. Podia-se contar as vezes que respirava. Voltou o olhar manso para dentro do quarto, e enfim falou: "O mundo não sabe que existimos, ele não conhece que status cada um tem, nem o rosto, nem a cor da pele." E seguiu dizendo: "Mas tudo o que fazemos tem influencia direta nele, que ele saiba ou não, estamos aqui, e precisamos fazer alguma coisa." No telhado as gotas da chuva iniciavam uma sinfonia uniforme. Todos os sons cessaram, exceto aquele. Os pingos que entravam pela janela entreaberta traziam também um aroma quente, de fim de verão. No quarto já não havia ninguém. Apenas o ar respirado por eles criava uma atmosfera interna, que em alguns segundos se dissipará. Em algum lugar do prédio, o toque de um telefone consegue fazer parte do som da chuva. Mais ao longe o sino de uma igreja marca o final da tarde, mas o sol já havia algumas horas não podia ser visto. Nenhuma história marca um início, na verdade, todas as histórias são fios de ceda, que se deslizam por cada ouvido, que arranham cada página em branco, e que no final cai no mundo, sempre a contar o que alguém começou, em uma eterna continuação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário